Sylvia Day
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A Touch of Crimson - Brazil
Aug 19, 2013  •  Companhia das Letras  •  9788565530293

Portuguese Excerpt

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Capítulo 1

“Phineas está morto.”

A notícia atingiu Adrian Mitchell como um soco no estômago. Trêmulo, agarrado ao corrimão, ele deu meia-volta na escada e encarou o serafim que vinha subindo logo atrás. Nessa nova situação, Jason Taylor assumiria o antigo posto de Phineas como o segundo no comando da cadeia hierárquica de Adrian. “Quando? Como?”

Jason não teve dificuldade em acompanhar o passo sobre-humano de Adrian em direção ao topo do prédio. “Há mais ou menos uma hora. O fato foi reportado como um ataque vampiresco.”

“Ninguém percebeu que havia um vampiro por perto? Como assim, porra?”

“Foi isso que eu perguntei também. Mandei Damien ir até lá investigar.”

Chegaram ao último patamar. O segurança licano que ia à frente abriu a pesada porta de metal, e Adrian pôs os óculos escuros antes de sair sob o sol do Arizona. Ele observou a reação de desagrado do segurança diante do calor implacável e ouviu um resmungo de reclamação do outro licano, que protegia a retaguarda. Criaturas reféns de seus instintos, eles eram bastante suscetíveis a estímulos físicos, ao contrário dos serafins e vampiros. Adrian nem notou a mudança de temperatura – a perda de Phineas tinha feito seu sangue gelar.

Um helicóptero estava à espera logo adiante, com as hélices girando pelo ar opressivamente seco e carregado de poeira. Na lateral da aeronave, havia a inscrição mitchell aeronáutica e o logo alado da empresa de Adrian.

“Então você tem dúvidas.” Ele preferiu se concentrar nos detalhes, porque aquele não era o momento de deixar transparecer sua fúria. Por dentro, estava sendo consumido pela perda de seu melhor amigo e braço direito. Mas, como líder dos Sentinelas, ele não podia demonstrar suas emoções em público. A morte de Phineas certamente causaria alvoroço entre as fileiras de sua unidade de elite de serafins. Os Sentinelas recorreriam a ele como exemplo de fortaleza e liderança.

“Um dos licanos sobreviveu ao ataque.” Apesar do som do motor do helicóptero, Jason não precisou levantar a voz para ser ouvido. Seus olhos azuis também estavam descobertos, deixando o par de óculos escuros no topo da cabeça. “Achei meio... suspeito o fato de Phineas estar investigando o crescimento da matilha do lago Navajo e sofrer uma emboscada no caminho de volta. E depois um dos cães consegue sobreviver e diz que foi um ataque vampiresco?”

Fazia séculos que Adrian utilizava os licanos como seguranças para os Sentinelas e como cães pastores a fim de conduzir os vampiros a determinadas áreas. No entanto, alguns sinais de descontentamento entre os licanos mostravam que era hora de reavaliar sua estratégia. Eles haviam sido criados com o único objetivo de servir à sua unidade. Caso fosse necessário, Adrian os faria lembrar do pacto firmado por seus ancestrais. Eles corriam o risco de se transformar em vampiros sem alma, sugadores de sangue, mas poderiam ser poupados caso se comprometessem a cumprir sua antiga função. Alguns licanos achavam que sua dívida já havia sido paga pelas gerações anteriores e tinham dificuldade em aceitar o fato de que este mundo fora feito para os mortais. Eles jamais conseguiriam viver em meio aos humanos. O único lugar possível para os licanos era o que Adrian tinha designado para eles.

Um dos seguranças se abaixou e adentrou a turbulência criada pela hélice do helicóptero. Ao chegar à aeronave, o licano abriu a porta.

Os poderes de Adrian o protegeram do vendaval, permitindo que seguissem em frente sem esforço. Ele olhou para Jason. “Preciso interrogar o licano que sobreviveu ao ataque.”

“Vou dizer isso para Damien.” O vento atingiu os cachos dourados do tenente, mandando seus óculos escuros pelos ares.

Adrian os apanhou em pleno voo com um movimento absurdamente veloz. Dentro da cabine, ele assumiu seu lugar num dos assentos que ficavam virados para trás.

Jason se sentou no outro. “Mas eu sou obrigado a perguntar: para que serve um cão de guarda que não consegue proteger nada? Talvez você devesse sacrificá-lo, para servir de exemplo.”

“Se a culpa for mesmo dele, esse cão vai preferir morrer.” Adrian jogou os óculos escuros no colo de seu tenente. “Mas, até descobrirmos o que aconteceu, ele é uma vítima, e minha única testemunha. Vou precisar dele para pegar e punir quem fez isso.”

Os dois licanos se posicionaram nos assentos em frente. Um era baixo e atarracado. O outro tinha quase a altura de Adrian.

O mais alto ajustou o cinto e falou: “A parceira daquele cão morreu tentando proteger Phineas. Se ele pudesse fazer alguma coisa para evitar, certamente teria feito.”

Jason abriu a boca para falar.

Adrian o silenciou com um aceno de mão. “Então você é Elijah.”

O licano confirmou com a cabeça. Tinha os cabelos escuros e os olhos verdes incandescentes de uma criatura maculada com o sangue dos demônios. Um dos motivos da relação conflituosa entre Adrian e os licanos era que ele havia misturado o sangue de seus ancestrais seráficos ao dos demônios quando eles juraram servir aos Sentinelas. Esse toque demoníaco foi o que os tornou metade homens, metade animais, e o que fez com que suas almas sobrevivessem depois da amputação de suas asas. Com isso os licanos também se tornaram mortais, com ciclos de vida finitos, e muitos deles se ressentiam disso.

“Você parece estar mais bem informado do que o próprio Jason”, assinalou Adrian, enquanto observava o licano. Elijah tinha sido mandado até Adrian para ser vigiado, pois demonstrava inaceitáveis atributos de macho alfa. Os licanos eram treinados para obedecer cegamente aos Sentinelas. Se algum deles ganhasse proeminência sobre os demais, poderia dividir o sentimento de lealdade da matilha e liderar uma potencial rebelião. A melhor maneira de lidar com esse problema era cortando o mal pela raiz.

Elijah olhou pela janela e viu o teto do edifício se afastar cada vez mais à medida que o helicóptero subia pelo céu azul e sem nuvens de Phoenix. Seus punhos estavam cerrados, evidenciando o pavor inato de voar de sua espécie. “Todos nós sabemos que, depois que encontra seu parceiro, uma criatura da nossa espécie se torna incapaz de viver sozinha. Licano nenhum deixaria seu parceiro morrer deliberadamente. Por razão nenhuma no mundo.”

Adrian se recostou no assento, tentando aliviar a tensão de suas asas recolhidas, que queriam se abrir e mostrar o quanto ele estava magoado e furioso. O que Elijah falou era verdade, e isso o deixava diante da perspectiva de uma ofensiva vampiresca. Ele apoiou a cabeça no assento. Dentro dele, o desejo de vingança queimava como ácido. Os vampiros já tinham lhe tirado tanta coisa... a mulher que amava, seus amigos, seus companheiros Sentinelas. Ele sentia a morte de Phineas como se tivesse perdido um pedaço de si mesmo. Quem quer que fosse o responsável por seu assassinato iria sofrer tudo isso e muito mais.

Consciente de que os óculos escuros eram incapazes de esconder suas íris flamejantes, que revelavam a turbulência de seus sentimentos, ele olhou para o outro lado...

... e por pouco não viu o brilho da luz do sol sobre a superfície da prata.

Ele se desviou para o lado por instinto, e a adaga passou a milímetros de seu pescoço.

Não demorou muito para que ele se desse conta do que acontecia. A pilota.

Adrian apanhou o braço que se esticava por cima de seu encosto de cabeça e provocou uma fratura no osso. Um grito feminino ecoou na cabine. O braço quebrado da piloto estava apoiado sobre o couro num ângulo nem um pouco natural. A lâmina foi ao chão. Adrian se soltou do cinto e se virou, mostrando suas garras. Os licanos partiram para o ataque, um de cada lado.

Sem uma mão que o guiasse, o helicóptero se sacudiu e perdeu o rumo. Bipes frenéticos começaram a ressoar pela cabine.

A pilota ignorou o braço inutilizado. Usando o outro, investiu com uma segunda adaga de prata pelo vão entre os dois assentos virados para trás.

Presas escancaradas. Boca espumante. Olhos vermelhos injetados.

Uma maldita vampira. Abalado pela morte de Phineas, Adrian tinha se descuidado feio.

Os licanos estavam em pé, liberando toda sua ferocidade diante da ameaça. Seus rugidos ferozes reverberavam naquele espaço confinado. Elijah, encurvado sob o teto baixo, sacudiu o punho fechado e atacou. O impacto a derrubou sobre o manche cíclico da aeronave, empurrando-o para a frente. O nariz da aeronave embicou para baixo, em direção ao chão.

Os alarmes que soavam no painel eram ensurdecedores.

Adrian atacou, atingindo a vampira com um golpe no abdome e a arremessando através do vidro da frente da cabine. Em queda livre pelos ares, eles se atracaram.

“Isso é só o começo, Sentinela”, ela soltou enquanto espumava pela boca, com os olhos arregalados, tentando mordê-lo com os caninos afiados.

Ele a esmurrou nas costelas, atravessando a carne e estilhaçando os ossos. Agarrou o coração dela com a mão, e abriu um sorriso.

Suas asas se abriram em uma explosão ofuscante de branco manchado com vermelho. Como se tivesse aberto um paraquedas de dez metros de largura, a queda foi interrompida de maneira abrupta, fazendo com que o órgão pulsante fosse arrancado do corpo da vampira. Ela se desintegrou enquanto ia ao chão, deixando um rastro de fumaça ácida e cinzas pelo ar. Na mão de Adrian, o coração ainda batia, cuspindo um sangue viscoso pela última vez antes de pegar fogo. Ele espremeu o órgão até que se transformasse numa massa disforme e o descartou. Ardendo em brasas, o coração se desfez numa nuvem incandescente.

O helicóptero rugia e caía numa espiral rumo ao chão do deserto.

Adrian fechou as asas e mergulhou na direção da aeronave. Na cabine já sem vidro, um licano apareceu pálido e com os olhos verdes em chamas.

Jason voou do helicóptero destruído com a velocidade de uma bala. Depois deu meia-volta no céu com suas asas cinzentas e avermelhadas. “O que está fazendo, capitão?”

“Salvando os licanos.”

“Por quê?”

A ferocidade do olhar de Adrian foi a única resposta que ele se limitou a dar. Prudente, Jason se posicionou a seu lado.

Adrian sabia que aquelas criaturas precisariam ser compelidas a enfrentar seu terrível medo de altura, então ordenou ao que estava na cabine: “Pule”.

A ressonância angelical de sua voz retumbou pelo deserto como um trovão, e não tinha como não ser obedecida. Sem nem parar para pensar, o licano se arremessou pelo ares. Voando diretamente em sua direção, Jason apanhou o segurança em pleno voo.

Elijah não precisou nem ouvir a voz de comando. Demonstrando uma coragem admirável, lançou-se da aeronave em queda com um mergulho elegante e calculado.

Adrian se posicionou debaixo dele, soltando um ruído quando o licano musculoso se espatifou contra suas costas. Estavam a poucos metros do chão, por isso as batidas de suas asas faziam levantar poeira.

O helicóptero caiu no deserto uma fração de segundo depois, e sua explosão levantou uma coluna de chamas que podia ser vista a quilômetros de distância.

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